À frente de A Banca, novo projeto dos músicos, Champignon acredita que a força do vocalista permanece com a banda
Rio -
Poucos meses antes de morrer, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, reuniu
os integrantes do Charlie Brown Jr. para uma conversa séria: cansado da
bateria de compromissos da banda, desejava ficar um tempo longe dos
palcos. E chegou a sugerir que Champignon assumisse o vocal. É o que o
baixista revela a
O DIA. Após a tragédia, ele se
lembrou do pedido, deixou o baixo nas mãos de uma mulher, Lena, e
tornou-se o frontman do projeto A Banca. Formado há duas semanas pelos
músicos do Charlie Brown, o novo grupo se prepara para fazer turnê em
homenagem a Chorão.
“A vontade dele era dar um tempo, mas não queria que a banda parasse.
Disse: ‘Já estou muito cansado. Estou há 20 anos na estrada’. É claro
que a gente não concordou. Como eu iria chegar lá na frente sem ele? Não
daria. Ia ser estranho, esquisito. Ele mudou de ideia e disse para
darmos uma pausa apenas por um mês e meio. Depois, tudo aconteceu”,
relembra Champignon, por telefone, de Santos, litoral de São Paulo,
berço da banda que vendeu nada menos do que 5
milhões de CDs e DVDs.
Chorão foi encontrado morto em seu apartamento, no dia 6 de março,
vítima de overdose. “Charlie Brown sem Chorão não existe. Eu não poderia
ser o vocalista da banda. Por isso, criamos A Banca. Essa é uma
expressão de periferia, que significa grupo. Somos a banca do Charlie
Brown”.
Para seguir em frente com o novo projeto, Champignon tem fé em uma
‘força maior’. “Sou espírita. Acredito que tudo é energia. Da onde quer
que ele esteja, está torcendo por nós. Sentimos a energia dele perto da
gente. Toda nossa forma de ser, andar e pensar tem influência do cara. É
muito difícil...”, desabafa. “Precisamos de muita coragem para seguir
em frente. É como diz o verso de ‘A Banca’ (música do Charlie Brown):
‘Esperança é o que não morre’”.
A relação entre Champignon e Chorão, no entanto, nem sempre foi a mais
cordial. No fim do ano passado, Chorão fez duras críticas ao baixista
durante show em Apucarana, no Paraná. No sermão, chegou a acusar
Champignon de voltar para a banda por causa de dinheiro — ele havia
saído em 2005, junto com Pelado (ex-baterista) e Marcão (guitarrista),
que também retornou posteriormente. O
vídeo caiu na internet, despertando polêmica. Mais tarde, Chorão se desculpou.
“Acho que os problemas que ele estava sofrendo acabaram se refletindo
ali. Depois, quis ajudá-lo, trazê-lo para o nosso lado. No último ano,
ele estava muito distante. Fiquei triste, mas nem pensei em sair da
banda”.
Sobre a questão econômica, assunto que é alvo de debates calorosos na
internet, Champignon é enfático. “Isso é coisa de gente que fica
mascando chiclete atrás do computador. Voltei para a banda que eu ajudei
a construir. Tem foto minha lá em 91, 92, tocando na parada. Amo essa
banda. O que eu ia fazer? Roubar, matar, montar conjunto de axé?”, ele
dispara.
ESPERANÇA É O QUE NÃO MORRE
Poucos meses antes de morrer, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, reuniu
os integrantes do Charlie Brown Jr. para uma conversa séria: cansado da
bateria de compromissos da banda, desejava ficar um tempo longe dos
palcos. E chegou a sugerir que Champignon assumisse o vocal. É o que o
baixista revela a
O DIA. Após a tragédia, ele se
lembrou do pedido, deixou o baixo nas mãos de uma mulher, Lena, e
tornou-se o frontman do projeto A Banca. Formado há duas semanas pelos
músicos do Charlie Brown, o novo grupo se prepara para fazer turnê em
homenagem a Chorão.
A Banca ensaiando no estúdio | Foto: Divulgação
“A vontade dele era dar um tempo, mas não queria que a banda parasse.
Disse: ‘Já estou muito cansado. Estou há 20 anos na estrada’. É claro
que a gente não concordou. Como eu iria chegar lá na frente sem ele? Não
daria. Ia ser estranho, esquisito. Ele mudou de ideia e disse para
darmos uma pausa apenas por um mês e meio. Depois, tudo aconteceu”,
relembra Champignon, por telefone, de Santos, litoral de São Paulo,
berço da banda que vendeu nada menos do que 5 milhões de CDs e DVDs.
Chorão foi encontrado morto em seu apartamento, no dia 6 de março,
vítima de overdose. “Charlie Brown sem Chorão não existe. Eu não poderia
ser o vocalista da banda. Por isso, criamos A Banca. Essa é uma
expressão de periferia, que significa grupo. Somos a banca do Charlie
Brown”.
Para seguir em frente com o novo projeto, Champignon tem fé em uma
‘força maior’. “Sou espírita. Acredito que tudo é energia. Da onde quer
que ele esteja, está torcendo por nós. Sentimos a energia dele perto da
gente. Toda nossa forma de ser, andar e pensar tem influência do cara. É
muito difícil...”, desabafa. “Precisamos de muita coragem para seguir
em frente. É como diz o verso de ‘A Banca’ (música do Charlie Brown):
‘Esperança é o que não morre’”.
A relação entre Champignon e Chorão, no entanto, nem sempre foi a mais
cordial. No fim do ano passado, Chorão fez duras críticas ao baixista
durante show em Apucarana, no Paraná. No sermão, chegou a acusar
Champignon de voltar para a banda por causa de dinheiro — ele havia
saído em 2005, junto com Pelado (ex-baterista) e Marcão (guitarrista),
que também retornou posteriormente. O vídeo caiu na
internet, despertando polêmica. Mais tarde, Chorão se desculpou.
“Acho que os problemas que ele estava sofrendo acabaram se refletindo
ali. Depois, quis ajudá-lo, trazê-lo para o nosso lado. No último ano,
ele estava muito distante. Fiquei triste, mas nem pensei em sair da
banda”.
Sobre a questão econômica, assunto que é alvo de debates calorosos na
internet, Champignon é enfático. “Isso é coisa de gente que fica
mascando chiclete atrás do computador. Voltei para a banda que eu ajudei
a construir. Tem foto minha lá em 91, 92, tocando na parada. Amo essa
banda. O que eu ia fazer? Roubar, matar, montar conjunto de axé?”, ele
dispara.
PLANOS
Além dos shows — que vão durar cerca de 1h20 — novas músicas podem
surgir em breve. “A gente tem algumas coisas que eu compus e outras do
Marcão e do Thiago. Mas, no momento, estamos mais preocupados em fazer
os arranjos novos”, diz Champignon.
Parte do legado de Chorão também poderá ser conferido no último CD que
gravou Charlie Brown Jr., ‘La Familia 013’. Segundo Champignon, o
lançamento está previsto para julho. “Esse é um CD que marca a união da
banda, já que eu e o Marcão voltamos, e também uma despedida,
infelizmente. É um disco variado, interessante, diferente de todos os
outros que foram feitos”, afirma.
MENINA DO ROCK
O nome dela é Helena de Andrade Papini. Ou apenas Lena. Filha de
pastores, a jovem de 27 anos tem a missão de substituir Champignon no
baixo — instrumento que toca desde os 11 anos. Não é tarefa das mais
fáceis. Depois que recebeu o convite, passou a praticar de cinco a seis
horas diárias. “Sou uma das pessoas que reconhecem o Champignon como um
dos melhores baixistas do Brasil. Vou precisar de uns 20 anos para
chegar ao nível do cara”, derrete-se.
Ela não sente medo de sofrer preconceito por ser mulher. “Não ouvi
coisas negativas. Sei que muita gente pode não entender, justamente pelo
carinho que as pessoas têm pela banda. Se eu estivesse do outro lado,
talvez também poderia estranhar. Mas vou dar o meu melhor”, diz ela.
Criada em ambiente religioso, Lena garante que os pais aprovaram a
novidade. “Quando eu era novinha, não dava trabalho para eles. Então,
temos uma relação de respeito que não é de hoje. Eles têm me apoiado
bastante. Ficaram muito felizes. Entendem que isso foi uma conquista
para mim”, conta.
Fonte:Odia